Casa Triângulo está em novo endereço

12485867_10153986304540572_5070946265279461060_o

A região dos Jardins, em São paulo, vai ganhar mais uma galeria. Está de mudança para a Rua Estados Unidos a Casa Triângulo, que vai ocupar um edifício de 500m² projetado pela Metro Arquitetos Associados e com uma forte presença urbana, integrada ao espaço público.casa-triangulo

A arquitetura tem traços retos, como uma enorme caixa branca suspensa com planos translúcidos e opacos, dando a impressão de flutuar. O piso do salão principal se estende para o exterior da galeria criando uma praça junto à calçada, permitindo o uso dos agradáveis espaços ao ar-livre. O desenho e os materiais contemporâneos estão alinhados à personalidade da galeria, em total sintonia entre estrutura e conteúdo, arquitetura e arte.

O novo endereço fica na Rua Estados Unidos, 1324, esquina com a Rua Cristóvão Diniz e em frente a entrada lateral do Clube Paulistano.

A inauguração oficial será no dia 05 de Março de 2016, com a exposição individual de Sandra Cinto, intitulada Acaso e Necessidade.

 

 

Art Basel Hong Kong divulga a lista de participantes de sua segunda edição

A menos de quatro meses da sua segunda edição, a Art Basel Hong Kong acaba de publicar a lista das galerias participantes. A feira acontece entre 15 e 18 de maio no gigante Hong Kong Convention and Exhibition Centre.

Em parceria com a UBS, a Art Basel Hong Kong contará com 245 galerias de 39 países ao redor do mundo. A seleção inclui 24 galerias que têm espaços de exposição em Hong Kong e por isso os visitantes podem esperar para ver parte do melhor da arte local.

Entre as galerias presentes, estarão as brasileiras Casa Triângulo, Mendes Wood e Nara Roesler.

Clique aqui e confira a lista completa das galerias participantes.

Primeira edição da Art Basel Hong Kong terá a participação de três galerias brasileiras

De 23 a 26 de maio acontece a primeira edição da Art Basel Hong Kong. Com cerca de metade das 245 galerias participantes vindas da Ásia, a Art Basel Hong Kong assume um papel significativo no mundo da arte internacional, fornecendo uma plataforma para os artistas locais. Em contrapartida, a feira torna-se também um canal para que as galerias do mundo todo possam levar a Hong Kong trabalhos de altíssima qualidade.

A edição de estreia da feira irá traçar 12 décadas de história da arte através de suas quatro seções: Galleries, Insights, Discoveries and Encounters. Em exposição, estarão peças da mais alta qualidade em pinturas, desenhos, instalações, fotografias, videoarte e trabalhos dos séculos XX e XXI, de mais de dois mil artistas.

Entre as galerias internacionais, estarão presentes as norte-americanas Gagosian, Pace e David Zwirner, a britânica White Cube e a suíça Hauser & Wirth, entre outras. Três brasileiras participam desta edição: Galeria Nara Roesler, Casa Triângulo e Mendes Wood.

Vânia Mignone . Abertura 10 de abril na Casa Triângulo

A Casa Triângulo tem o prazer de apresentar a oitava exposição individual de Vânia Mignone na galeria. Entre Imagens a obra de Vânia Mignone insere-se dentro de uma cena muito cara à história da arte contemporânea: a autonomia do desenho – deixando de ser garatuja, projeto ou algo “menor” – e o quanto ele invade, reposiciona-se e é incorporado a um estado muito particular, e como, portanto, esse repertório o posiciona com uma velocidade e um arrojo que são particularmente difíceis de ser conciliados. Suas obras possuem a velocidade de uma história sequencial, de um cartaz ou dos outdoors. São traços velozes, sujos na medida certa, e cuja literalidade está em constante escape.

Suas obras podem corresponder aos frames de um filme, mas, ao mesmo tempo, perceberíamos que eles só poderiam pertencer a certa qualidade cinematográfica, como, por exemplo, à de um filme de David Lynch, no qual a quebra de uma narrativa formal e a experiência de tempo são reelaboradas a todo instante. Há essa negociação na obra de Mignone: em um primeiro momento, as referências podem surgir facilmente, mas não permanecem necessariamente por um longo período, porque logo se confundem. As obras nos questionam sobre que lugar ou paisagem está diante de nós. Há uma espécie de mistério a ser decifrado.

VÂNIA MIGNONE
ABERTURA 10 DE ABRIL_DAS 19H ÀS 22H .
DE 11 DE ABRIL A 3 DE MAIO

Casa Triângulo
Rua pais de araújo 77

 

 

Casa Triângulo – SERGIO ROMAGNOLO A Feiticeira e as Máquinas

A Casa Triângulo tem o prazer de apresentar a exposição individual de Sergio Romagnolo, intitulada A Feiticeira e as máquinas. O artista completa este ano 35 anos de uma carreira que abriga mostras em quatro Bienais de São Paulo, galerias e museus do Brasil e do exterior.

O CORPO DENSO DA IMAGEM

A passagem para a escultura e, dentro dela, para a escultura de plástico, um corolário natural, começou a acontecer ainda em 1986. O artista acentua-lhes seu caráter oco, como a destacar o corpo ausente que lhes serviu de molde, um princípio que, como já foi assinalado, pertence à máscara mortuária. Vale destacar que ao invés do bronze, material nobre, a chapa de plástico (poliestireno de 2 mm de espessura) foi, desde o início, o material utilizado.

Em seu Mitologias, Roland Barthes contrapôs o plástico à madeira, frisando sua aparência “simultaneamente grosseira e higiênica”, acusando-o de matar “o prazer, a suavidade, a humanidade do tato”1.Mais adiante, no mesmo livro, na sequência de seu comentário sobre a total versatilidade do plástico, afirma que não obstante essa sua potencialidade quase mágica, o plástico é a primeira substância a admitir o prosaísmo, a banalidade. E conclui: “o mundo inteiro pode ser plastificado, e mesmo a própria vida, visto que, ao que parece, já se começaram a fabricar aortas de plástico”2.

De fato, na qualidade de matéria, o plástico vale como sinônimo da era industrial, especialmente em razão de sua infinita maleabilidade, sua total docilidade às demandas mercantis, de tal modo que, derretido, ele, com a mesma facilidade, pode converter-se em balde, copo, vassoura, boneca, carro, banco, poste, casa, etc. Armado com um maçarico de gás propano, Romagnolo amolece a placa de plástico para em seguida encostá-la sobre o modelo de argila úmida, que tanto pode ser uma réplica de um profeta de Aleijadinho quanto a carroceria de um Fusca.

Qualquer que seja a matriz, como uma das esculturas da série produzidas a partir de modelos de meninas, ou inspirada numa escultura histórica, ou ainda num objeto industrializado, feito em série, a ação do artista consiste em “desfuncionalizar” o plástico, realizando a partir dele uma cópia mal-ajambrada, deliberadamente imperfeita, um rebaixamento do objeto que, curiosamente, termina por exaltar a expressividade do material, sua humanidade graciosamente bruta. Coisa semelhante acontece com suas imagens. Após as pinturas dos anos 1980, o artista retorna a essa linguagem com a série dedicada à Feiticeira, onde as imagens televisivas se embaralham, como se os frames que compõem a narrativa se sobrepusessem em múltiplas dobras. Como se as imagens ficassem fora de controle, ganhassem autonomia e, animadas com esse fato, se pusessem deliberadamente a procurar novas possibilidades, abandonando a clareza pretendida por nós, espectadores. Como se a narrativa do mundo entrasse em convulsão e nada mais tivesse um sentido claro.

SERGIO ROMAGNOLO A Feiticeira e as Máquinas
ABERTURA 15 DE DEZEMBRO DAS 20 ÀS 23 HORAS
DE 16 DE DEZEMBRO A 28 DE JANEIRO DE 2012_TERÇA A SÁBADO DAS 11 ÀS 19 HORAS

Valdirlei Dias Nunes, na Casa Triângulo

V. D. Nunes, Sem título (Relevos) – Antecedentes e predecessores.

Por A. Pedrosa

A linha e o traço no desenho podem representar uma barra, um bastão, uma régua, um cano – ou tão somente uma linha ou um traço no papel. De maneira correlata, o cubo pintado ou desenhado é, também, uma caixa, um plinto ou um pedestal; uma pérola é, assim, uma esfera; um anel é, por fim, um círculo. Esses são os jogos aparentemente singelos da representação – em pintura, escultura, desenho.

Na última década, os trabalhos de Valdirlei Dias Nunes mapearam, de maneira especulativa e exaustiva, uma sucessão de possibilidades permutáveis entre abstração (invariavelmente do tipo geométrico) e figuração; entre pintura, desenho e escultura [1]. Vencer o aparente abismo que existe entre figuração e abstração frequentemente faz com que figuras geométricas – antes autônomas, abstratas, superiores, descoladas e isoladas do mundo – assumam feições mundanas. E, de fato, havia algo de melancólico na pintura de uma mesa ou pedestal finamente revestido de madeira, às vezes até com elaborados recortes construtivos, o veio da madeira executado com mão firme, porém reveladora do toque do punho do artista; todo esse esforço para não sustentar coisa alguma sobre sua superfície (diferentemente dos pequenos e preciosos objetos que os pedestais pintados contra os fundos negros dos anos 1990 de Nunes sempre sustentavam).

É a partir dessa trajetória que surgem, de modo coerente e preciso, os relevos de Nunes, que, portanto, devem ser compreendidos como situados no cruzamento entre os caminhos da pintura, da escultura e do desenho. O relevo é, aqui, síntese cabal da articulação e do diálogo entre diferentes meios, tratando de temas comuns, a partir de distintos ângulos, através de vários prismas. Nos relevos de Nunes, o traço, enfim, não é mais linha, nem listra, não é barra ou cano, seja pintado ou desenhado. Sem título (Relevos) consistem em paralelepípedos pintados de laca branca nos quais foram inseridas barras de latão dourado de maneira transversal e diagonal, rompendo a ortogonalidade da composição do quadro.

Alguns antecedentes mais distantes aos relevos de Nunes merecem nomeação, todos de vocação geométrica: Aluísio Carvão, Willys de Castro e Iran do Espírito Santo. No relevo de Carvão, Construção VI (1955, 85 x 59,5 cm), barras horizontais e verticais brancas cruzam-se sob um fundo branco; nos relevos de Espírito Santo, que a propósito levam títulos próximos ao de Nunes (2001, 50 x 40 x 4 cm), a matéria é alumínio, e linhas ortogonais cruzam outras diagonais. Nos Objetos ativos de De Castro (1959-1961), a barra encontra-se autônoma, descolada do plano, e, portanto, assume sua vocação tridimensional, ainda que com superfícies pictóricas.

Os relevos de Nunes evocam também Mira Schendel. Pensamos nos Sarrafos, a última série da artista, feita em 1987, um ano antes de sua morte. Vale recordar as palavras de Souza Dias, que podem ser aplicadas, mutatis mutandis, a Nunes:

Com os sarrafos, a artista retomava pontos de sua própria trajetória, ao concentrar, num mesmo objeto, desenho, pintura e escultura, estabelecendo, a partir deles, uma nova orientação para a análise de sua obra. Com a pintura, enquanto meio e suporte, Mira transforma a linha em escultura. O percurso de formalização anguloso dessas ripas negras que se libertam do plano pictórico transmite-nos uma ação enérgica, porém cuidadosamente planejada. [2]

O negro dos Sarrafos de Schendel verte-se em ouro em Nunes, remetendo a referência à artista a outra série, às pinturas com têmpera feitas alguns anos antes: por exemplo, Sem título (1995, 89 x 159 cm) consiste numa grande superfície branca ocupada apenas por um pequeno triângulo em folha de ouro, situado no canto superior direito do quadro. Tanto em Nunes quanto em Schendel, vemos o contraste entre o vasto território branco e o pequeno fragmento ou fina fatia dourada. Tanto num quanto noutro, o puro minimalismo é impugnado pelo ouro. Neste momento, é preciso lembrar Leonilson, um artista mais próximo de Nunes, que por sua vez também usava o ouro na contracorrente do minimalismo. Seu A.P. (1991, 210 x 147 cm), por exemplo, consiste em dois retângulos de voile branco sem chassis, pendurados na parede lado a lado, com as bordas laterais e inferiores pintadas de ouro – a vasta superfície branca, transparente, tão leve que o vento a faz tremular, enquadrada por uma tinta dourada que macula seu despojamento.

O precioso ouro é a mais contaminada e mundana das cores, é o grão antiascético de qualquer narrativa. Afinal, não nos esqueçamos dos antecedentes fortemente figurativos de Nunes: o relevo aqui também é o retrato da lâmina, da espada, da flecha, da faca, da navalha e da agulha – ainda que de ouro e escamoteada em barra.


[1] Em 2001, eu escrevia sobre as então recentes pinturas de Nunes: “Seu realismo e representação sem rodeios agora jogam com abstração geométrica e minimalismo, tomando como objeto a representação de finas e sutis linhas, barras, listras, caixas, cubos, pedestais e quadrados, pintados em branco, ouro, marrom, contra um refinado pano de fundo branco”. In “A pintura roubada/The Stolen Painting”. Trans>arts.cultures.media, n. 9-10, Nova York e São Paulo, 2001, p. 292.

[2] Geraldo Souza Dias, Mira Schendel: Do espiritual à corporeidade. São Paulo: Cosac Naify, 2009, p. 323.

Valdirlei Dias Nunes | Relevos
até dia 4/6 na Casa Triângulo
R. Paes de Araújo, 77 – São Paulo